"Quem não tem papel dá o recado pelo muro. E quem não tem presente se conforma com o futuro."
Raul Seixas



domingo, 11 de outubro de 2009

Desgraça alheia não dói?


Eu vi um mendigo
Deitado no chão, rasgando o lixo.
Comendo o resto, o nosso resto.
Lambendo uma lata de sardinha
Mastigando um pedaço de banana...
Comendo o resto, o nosso resto.

Quem é ele? Qual seu nome?
Um desgraçado sem família, sem modos.
Quem ele pensa que é?
Enfeiando a cidade, sujando nossa cidade.
É um miserável, um pobre miserável.

Eu vi um mendigo.
Comendo o resto, o nosso resto.

Já ouvi antes, que ele é do mal...
Não se aproxime, não chegue perto
Pois ele é do mal, é o nosso mal.
Não o olhe nos olhos, porque se olhar...
Verá seu próprio rosto ali na miséria
Na sua miséria... Tudo o que é seu
E que jogou nele, nas costas dele.
Não olhe pra ele
Não queira ver que ele é o resultado
Do seu sucesso, da sua glória
De tudo que acha certo.

Não olhe pra ele.
Sinta medo dele.
Pois tem gente torcendo por isso...
Pra que odeie ele, que sinta nojo
Continuem assim, até se tornar igual a ele.
Porque só quando dormir na rua
Saberá que o coitado, àquele desgraçado.
Só existe porque você não ligava pra ele
Não votava por ele.
Não se iluda, você é culpado!!!

Eu vi um mendigo...
Eu vi um mendigo...
BRUNO RAPHAEL
São Paulo, 2003.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Quem é mulher? Quem é bunda?

Até parece que mudou
Mas ainda é assim
Dizem que pra elas é igual
Mas não é, pois eu posso ver
Vejo dementes as tratando mal
Com conceitos passados que os fazem ser assim...
São homens que pensam ser donos
Patrões dando ordens...
As mandam limpar a casa
E os servir...
Nunca perca sua beleza!
Por que se não eu te chuto
É a vida machista e animal
Mas que ainda é atual

Até quando será assim?
Até quando dura a mulher-bunda?
Isso é que ser submissa
Aceitar isso, rebolando pra eles
Mas não se confunda
Porque isso não é mulher
Isso é só pro sexo e
Nada mais...
São como putas gratuitas
Que sujam a imagem
De mulheres dignas de verdade
Que pensam, estudam e trabalham
Mais que também pagam
Pagam com o machismo
Que as bundas alimentam!!!


BRUNO RAPHAEL

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Até nunca mais



Viver no subúrbio,
Transformá-lo.
Eis a tarefa a que me disponho.
Quem não o conhece e o julga
Segue jogando a culpa,
Mantendo a mensagem de antemão,
Os dizeres de um velho patrão.
Viver no subúrbio,
Transformá-lo.
De realidades mil, obscuras...
Pessoas que passam e que ficam,
Sentidos voltados para alterar.
Alterar a realidade de um relento,
Que mantêm os olhares sempre atentos.
Viver no subúrbio,
Transformá-lo.
Do desprezo aos jovens...
Criando seus próprios inimigos
Estes sim meus amigos,
E irá derrubá-lo.
Sem mais malabarismo
Capitalismo.
BRUNO RAPHAEL