"Quem não tem papel dá o recado pelo muro. E quem não tem presente se conforma com o futuro."
Raul Seixas



domingo, 3 de abril de 2011

Aurora



Numa estrada... Em alta velocidade

O passar de novidades

Vento, força do ar e o mar...

As viagens da vida

Vem mostrar nova saída

Não se curve, não se curve

Mas nas curvas da vida...

Esperança que se renova

Em cada alvorecer.


Bruno Raphael

São Paulo, abril de 2011.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Burocracia


Como gesso em membro intacto,
Travando as rodas da história.
Não permite, não cede,
Isto é fato.

Agente anti-dialética,
Não nega, não enfrenta, não supera.
Inibe as mudanças que se espera.

Inércia consciente por ti provocada.
Burocracia, burocracia...
Tens de ser extirpada
Para que nasça um novo dia.


São Paulo, 19/01/2011.
Bruno Raphael

sábado, 3 de julho de 2010

Caminho da luta



Necessidade do conjunto,
Instrumento para levantes,
Busca de mudanças constantes.
Anseio pelo que parece distante.

Coisas que combates terão,
Não só pelo imediato,
Além, adiante do que parece ser fato.
Mudanças que só em conjunto ocorrem.

Disposição de uma criança carente,
De um faminto por comida,
Um lutador pela vitória,
Organização que parece inglória.

Se ela não existir,
O explorador jamais irá ruir.
Organizai-vos, trabalhadores,
Para acabar com vossos horrores.
.
.
.
BRUNO RAPHAEL
São Paulo, julho de 2010.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Reflexos?




Partindo do conceito de Marx em que a história da humanidade é a história das lutas de classes, pensemos no que é nos dias atuais um movimento organizado (mesmo que por sindicatos, estes atrelados a burocracia do Estado burguês) e que utiliza do instrumento da greve para reivindicar melhorias, seja em âmbito econômico ou estrutural, não está preso as amarras das "categorias", pois reflete mazelas que fazem parte do contexto social de maneira ampla, haja visto que fazemos parte do sistema capitalista que propicia os antagonismos que vivenciamos: a expansão da miséria em meio a fartura.
O que não esta sendo exposto e colocado em questão é o verdadeiro embate que as greves minoritárias são reflexos: a luta da classe trabalhadora contra as elites burguesa e a estrutura do Estado que as mantêm dominantes.
Sendo assim, atos políticos são realizados constantemente seja de maneira consciente ou não. Ao questionarmos por que trabalho domingo?, tenho sempre de fazer hora extra?, por que não posso fazer valer o direito natural e humano de passar um, dois ou mais dias longe de tudo e fazendo o que der na cabeça?, por que o que produzo não fica comigo?, e milhões de por quês sobre nossa realidade direta. Quando estes exemplos se concretizam na cabeça de um indivíduo o mesmo está contestando a estrutura superior da qual ele é parte (o capitalismo).
Quando o enxerga com maior clareza e compreende sua lógica – a de exploração de uma classe minoritária sobre uma classe mais populosa – está avançada sua consciência de classe. Contudo, de nada adianta a teoria sem práxis, ou seja, a consciência por si mesma não basta para mudar a sociedade. Somente por meio da organização e ação direta dos oprimidos será possível acabar com os opressores. À revolução!


BRUNO RAPHAEL
São Paulo, junho de 2010.

terça-feira, 30 de março de 2010

Em favor de quem?

.
.
P rotetores da
O rdem vigente.
L astimáveis marionetes,
Í cones da repressão.
C astradores sociais
I mpessoais e manipulados...
A rticulados pela grande instituição.
.
.
Bruno Raphael. São Paulo, março de 2010.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Crítico?


"Política: do grego ta politika, que vem da cidade, lugar onde cidadãos comuns relacionam-se e podem discutir e decidir sobre a cidade."
Desta definição escrita por Marilena Chauí ao conhecimento que nossa sociedade demonstra por política há um profundo abismo. Mas em tempos de tantos acontecimentos em que culpamos a política como: enchentes, altos preços do transporte público, conhecimento dos grandes níveis de desigualdade de renda, etc. Diante deste cenário não é difícil sermos vítimas de furacões informativos de tragédias ao meio dia, e ainda, sermos bombardeados por micro e mega análises da classe média sobre tais acontecimentos representados pela mídia. Estes que utilizam dos grandes meios de comunicação e buscam nos convencer que são críticos e está do nosso lado, vejamos um exemplo:

º No caso da enchente. Como não há como culpar diretamente os moradores que perderam tudo porque moravam em áreas de risco, simplesmente culpam os profissionais da política (colocando-se solidariamente ao lado dos que sofrem). Em seguida sim, vão pouco a pouco sem colocar contextos históricos e com análises superficiais para dizerem: Está vendo quer morar próximo ao rio e não perder tudo nas chuvas.

Há uma grande necessidade de mudança sobre este pensamento que, por ser exposta pela mídia (em tese a dona da verdade) precisa ser criticada. Contudo, antes deve-se saber o que é ser crítico, sem base teórica para fundamentar-se continuarás pensando que crítico é aquele que simplesmente discorda de tudo. Ilusão!

sugestão de livro sobre o tema "Convite à filosofia", Marilena Chauí.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

2010

Depois da pausa o retorno, em 2010 o blog será atualizado a cada 15 dias com anúncios no orkut, twitter, msn, boca à boca e todas formas possíveis de comunicação.
Em ano de eleição é impossível não fazer deste um tema abordado e relevante, mas espero que haja superação da discussão comum, a reflexão sob quaisquer que sejam os temas é objetivo desta ferramenta de comunição. Junto à isto, está a necessidade de bases argumentativas para tal, independente da formação do indivíduo que por aqui expor idéias, é importante basear-se, ou melhor, fundamentar sua argumentação para que os debates sejam mais ricos.

Sem mais, Bruno Raphael.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Sou Negro

Sou negro
meus avós foram queimados
pelo sol da África
minh`alma recebeu o batismo dos tambores
atabaques, gongôs e agogôs
Contaram-me que meus avós vieram de Loanda
como mercadoria de baixo preço
plantaram cana pro senhor de engenho novo
e fundaram o primeiro Maracatu.

Depois meu avô brigou como um danado
nas terras de Zumbi.
Era valente como quê
Na capoeira ou na faca
escreveu não leu o pau comeu
Não foi um pai João
humilde e manso
Mesmo vovó não foi de brincadeira
Na guerra dos Malês ela se destacou.

Na minh`alma ficou
o samba
o batuque
o bamboleio
e o desejo de libertação.


SOLANO TRINDADE

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Falsa Consciência



I nsinuando ao pensamento,
D isfarça por convencimento.
E stabelecendo domínio
O scilando percepções,
L apidando a máscara
O cultando...
G erando, camuflando,
I nvertendo a realidade...
A falsa consciência.
(Francielly Caroba - 06.11.2009)

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Ideologia

“Você sabe o que é ideologia?
Ideologia é um conjunto de idéias que temos na cabeça. Idéias políticas, morais, estéticas, religiosas etc. Todo mundo tem ideologia. Mas nem todos sabem que têm ideologia. A ideologia é como os óculos que ficam na frente dos nossos olhos. Quem usa óculos enxerga melhor as coisas quando os tem diante dos olhos. Mas, ao ver as coisas, não vê os próprios óculos. Assim é a ideologia: em geral, não temos consciência da ideologia plantada na nossa cabeça.
Quem planta essa ideologia na nossa cabeça? A educação familiar, a escola, a televisão, os jornais, a moda, o cinema, a Igreja etc. Como essas instituições, numa sociedade desigual, são em geral controladas pela classe mais poderosa, a ideologia predominante nessa sociedade desigual é em geral controlada pela classe que detém o poder. Por isso há moradores da favela conformados, acreditando que sempre haverá ricos e pobres.
A ideologia produz em nós uma escala de valores e um modo de agir. Numa sociedade desigual, em geral a ideologia encobre a realidade: acreditamos que a miséria do Nordeste é fruto da fatalidade ecológica da seca ou que a inflação é um balão de oxigênio com vida própria que nem os mais competentes economistas conseguem dominar. Há, porém, uma ideologia que ajuda a descobrir a realidade, fazendo-nos vê-la assim como um mecânico vê um carro: por dentro, conhecendo toda a engrenagem e os mecanismos de funcionamento. Essa ideologia – ideologia dos oprimidos – é temida pelos opressores” (FREI BETTO, 1990).

domingo, 11 de outubro de 2009

Desgraça alheia não dói?


Eu vi um mendigo
Deitado no chão, rasgando o lixo.
Comendo o resto, o nosso resto.
Lambendo uma lata de sardinha
Mastigando um pedaço de banana...
Comendo o resto, o nosso resto.

Quem é ele? Qual seu nome?
Um desgraçado sem família, sem modos.
Quem ele pensa que é?
Enfeiando a cidade, sujando nossa cidade.
É um miserável, um pobre miserável.

Eu vi um mendigo.
Comendo o resto, o nosso resto.

Já ouvi antes, que ele é do mal...
Não se aproxime, não chegue perto
Pois ele é do mal, é o nosso mal.
Não o olhe nos olhos, porque se olhar...
Verá seu próprio rosto ali na miséria
Na sua miséria... Tudo o que é seu
E que jogou nele, nas costas dele.
Não olhe pra ele
Não queira ver que ele é o resultado
Do seu sucesso, da sua glória
De tudo que acha certo.

Não olhe pra ele.
Sinta medo dele.
Pois tem gente torcendo por isso...
Pra que odeie ele, que sinta nojo
Continuem assim, até se tornar igual a ele.
Porque só quando dormir na rua
Saberá que o coitado, àquele desgraçado.
Só existe porque você não ligava pra ele
Não votava por ele.
Não se iluda, você é culpado!!!

Eu vi um mendigo...
Eu vi um mendigo...
BRUNO RAPHAEL
São Paulo, 2003.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Quem é mulher? Quem é bunda?

Até parece que mudou
Mas ainda é assim
Dizem que pra elas é igual
Mas não é, pois eu posso ver
Vejo dementes as tratando mal
Com conceitos passados que os fazem ser assim...
São homens que pensam ser donos
Patrões dando ordens...
As mandam limpar a casa
E os servir...
Nunca perca sua beleza!
Por que se não eu te chuto
É a vida machista e animal
Mas que ainda é atual

Até quando será assim?
Até quando dura a mulher-bunda?
Isso é que ser submissa
Aceitar isso, rebolando pra eles
Mas não se confunda
Porque isso não é mulher
Isso é só pro sexo e
Nada mais...
São como putas gratuitas
Que sujam a imagem
De mulheres dignas de verdade
Que pensam, estudam e trabalham
Mais que também pagam
Pagam com o machismo
Que as bundas alimentam!!!


BRUNO RAPHAEL

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Até nunca mais



Viver no subúrbio,
Transformá-lo.
Eis a tarefa a que me disponho.
Quem não o conhece e o julga
Segue jogando a culpa,
Mantendo a mensagem de antemão,
Os dizeres de um velho patrão.
Viver no subúrbio,
Transformá-lo.
De realidades mil, obscuras...
Pessoas que passam e que ficam,
Sentidos voltados para alterar.
Alterar a realidade de um relento,
Que mantêm os olhares sempre atentos.
Viver no subúrbio,
Transformá-lo.
Do desprezo aos jovens...
Criando seus próprios inimigos
Estes sim meus amigos,
E irá derrubá-lo.
Sem mais malabarismo
Capitalismo.
BRUNO RAPHAEL

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Mais Valia

Uma breve explicação sobre o que é Mais-valia, o processo de exploração na relação de trabalho, e algumas diferenças que imperam na relação trabalhador x capitalista(patrão).

A mais valia
O conceito de mais-valia é um conceito-chave. Através dele podemos explicar, de forma científica e rigorosa, a exploração capitalista e, assim, vislumbrar o que é necessário para suprimi-la.
Como já vimos anteriormente, o operário só possui sua força de trabalho. Ele a oferece como mercadoria ao burguês (dono dos meios de produção), que a compra por uma determinada quantia em dinheiro (salário) para fazê-lo trabalhar durante um certo período de tempo; 8 horas por dia, por exemplo. A partir do momento em que a compra, a força de trabalho do operário passa a pertencer ao burguês, que dispõe dela como quiser.
O custo de manutenção da força de trabalho (operário, maquinas) constitui seu valor; a mais-valia é a diferença entre o valor produzido pela força de trabalho e o custo de sua manutenção.
Para ficar mais fácil de entender, vamos estudar um exemplo. Suponhamos que um operário seja contratado para trabalhar 8 horas por dia numa fábrica de motocicletas. O patrão lhe paga 16 reais por dia, ou seja, 2 reais por hora, o operário produz duas motos por mês. O patrão vende cada moto por 3883 reais. Deste dinheiro, ele desconta o que gasta com matéria-prima, desgaste de máquinas, energia elétrica, etc.; exagerando bastante, vamos supor que esses gastos somem 2912 reais. Logo, sobram de lucro para o patrão 971 reais por moto vendida (3881 menos 2912 é igual a 971). Se o operário produz duas motos por mês, ele produz, na verdade 1942 reais por mês (2x971). Se, num mês, ele trabalhar 240 horas, produzirá 8,1 reais por hora (1942 dividido por 240 horas). Portanto, em 8 horas de trabalho ele produz 64,8 reais (8,1x8) e ganha 16 reais. A mais-valia é exatamente o valor que o operário cria além do valor de sua força de trabalho. Se sua força de trabalho vale 16 reais e ele cria 64,8, a mais-valia que ele dá ao patrão é de 48,8 reais. Ou seja, o operário trabalha a maior parte do tempo de graça para o patrão! Para saber quanto, basta fazer uma regra de três simples:
64,8 --- 8 h.16--- X 16 vezes 8 dividio por 64,8 é igual a 2h e 6m
Conclusão: das oito horas que o operário trabalha, ele só recebe 2 horas e seis minutos. O resto do tempo ele trabalha de graça para o capitalista. Esse valor que o patrão embolsa é o trabalho não pago.
Ao patrão o que interessa é o aumento constante da mais-valia porque assim seus lucros também aumentam. Para fazer isso, o capitalista usa algumas formas básicas: aumentando ao máximo a jornada de trabalho (“mais-valia absoluta”), de modo que depois do operário ter produzido o valor equivalente ao de sua força de trabalho, possa continuar trabalhando muito tempo mais; esta forma de obter maior quantidade de mais-valia é muito conveniente ao capitalista porque ele não aumenta seus gastos nem em máquinas nem em locais e consegue um rendimento muito maior da força de trabalho. Era o método mais utilizado no começo do capitalismo. Mas não se pode prolongar indefinidamente a jornada de trabalho. Existem limites para isso:
Limites físicos – porque se o operário trabalha durante muito tempo, não pode descansar o suficiente que dê para refazer sua força de trabalho na forma devida irá produzindo um esgotamento intensivo, logo, uma baixa no rendimento, o que não interessa ao patrão.
Limites históricos – porque à medida que o capitalismo foi se desenvolvendo, a classe operária também se desenvolveu, se organizou e começou a lutar contra a exploração capitalista. Através de árduas lutas a classe operária foi conseguindo reduzir a jornada de trabalho, obrigando o capitalista a buscar outras medidas para aumentar a mais-valia. Então, para isso, o patrão teve de lançar mão de outras formas para fazer com que o operário produzisse mais, reduzindo o tempo de trabalho necessário (“mais-valia relativa”), sem reduzir a jornada de trabalho: introduzindo máquinas mais modernas, incentivando a produtividade, etc.
O fim da exploração capitalista exige o fim da propriedade e do controle privado dos meios de produção e a abolição do direito de herdá-los. Ao eliminar a propriedade privada dos meios de produção, eliminamos o antagonismo de classes e abrimos caminho para o fim de toda exploração. Socializando assim entre os que produzem as riquezas que são produzidas.